terça-feira, 9 de julho de 2013

24

Passam quase como se não existissem, significados dúbios e destinos iguais parece ser a única característica que os define no meio da interminável turbulência que os rodeia.
Desvios são incontáveis, mas aquela linha recta e vazia acabe sempre por ser a condutora de mais um, que mais não foi que, igual ao anterior e ao que ainda está para vir.
Por breve que seja, em todos surge o tal do momento, a inquietação que sem avisar, seca a garganta, arrepia o estômago e impulsiona a velocidade do momento, das vivências, das recordações e esperanças, o que foi e não deveria ter sido, o que já não é mas teria sido bom se ainda fosse e o que nunca será, não por consequência, apenas por frustrações empilhadas em cima da ténue réstia de positivismo.
Questão, não de conteúdo mas de fundamento, não de estética mas de construção, questão de estar acordado sem poder sonhar...
E assim passou, amanhã haverá outro, ou não.

domingo, 24 de março de 2013

Horizonte

Não adianta...por muitas que possam ser as teorias, ideologias ou explicações, nada jamais poderá explicar, o vazio num momento procedido pelo preenchimento no seguinte, foge à sanidade da razão e até mesmo ao devaneio da maior das loucuras, porque o que avisto ao longe tem tanto de igual a tantas outras miragens como de novo e fascinante qual presente que chocalha como um vulgar metal mas tem ouro no seu interior.
Eis que surge então, a inevitável questão da ilusão amargurada pelo tempo e cada vez mais longínqua, esquecida num cofre cujo código a memória insiste em afastar. As vivências perdidas de conteúdo ofuscam o mapa que em tempos prometia riquezas incomparáveis, não de corpo mas de espírito, habituado a uma mutilação infligida pelo longínquo horizonte solarengo das promessas jamais cumpridas.
Renasce assim, não tem nome, forma ou sequer lógica, aparece simplesmente no meio do caos sem avisar, e sem querer, fazer ou mostrar razões, trás de volta interrogações nunca antes respondidas e que talvez por isso nunca verdadeiramente se desvaneceram. Trás consigo um passado não de histórias mas de sentidos, alegrias choradas e tristezas elevadas ao expoente da comédia, porque o pano afinal nunca desce realmente, fica num limbo de incertezas para que na presença de novos protagonistas possa retomar a peça nunca antes acabada.
Diferenças, coincidências, já lhes perdi a conta, embora a novidade seja surpreendentemente refrescante quando nada do que à razão diz respeito o poderia fazer prever, prende o pensamento por entre sorrisos fantasiados, cheios de essência e força, a noção de verdade em cada um deles é deveras um desafio por entre tantos enredos que da mentira nunca fugiram. Tem o dom da intriga, da inquietação, pelo desconhecido e ansiado momento seguinte que se espera igual, mas ao mesmo tempo diferente na ridícula esperança de que novas respostas possam surgir de uma ambígua porta de existência incerta.
Não há compreensão de para onde vai, nem tem de haver, algo que não tem explicação não pode de forma alguma ser guiado ou controlado, o sabor do vento dirá se for de sua vontade, em que planície esta folha terá lugar, seja para lá permanecer ou simplesmente voltar a desaparecer no velho conhecido horizonte sem nome.